Não dá para falar em avaliação na educação infantil sem
tratar da avaliação em seu termo geral, e um dos teóricos que tem contribuído
bastante com suas produções nesta área, é Cipriano Carlos Luckesi. O foco em
destaque aqui é a avaliação da aprendizagem escolar, que relaciona conceitos
abrangentes tanto à Educação Infantil, quanto as demais modalidades: Ensino Fundamental,
Médio e Superior.
Para tanto,
se fez necessário postar neste ambiente a resenha do livro de Luckesi
intitulado “Avaliação da Aprendizagem Escolar: estudos e proposições”, que foi solicitada pela disciplina de pesquisa educacional, com o objetivo de dar inicio as nossas produções a respeito do nosso tema de monografia, mas é importante também enfatizar alguns pontos que considero importantes ao avaliar na educação
infantil.
1- A
avaliação infantil não pode ser trabalhada como uma pedagogia do exame. Muitas
instituições de educação infantil se dizem construtivistas em teoria, mas na
prática, utilizam as chamadas “provinhas” para avaliar seus alunos.
2- Os
erros devem ser usados como fonte de virtude e não como fonte de castigo, cada
vez que uma criança mostra dificuldade em resolver uma tarefa, o professor deve
aproveitar essa oportunidade para diagnosticar onde ocorreu o erro e orientar o
aluno a refazer a tarefa e ter a oportunidade de acertar.
3- Na
prática de obtenção dos resultados escolares, os alunos são premiados através
de notas que vão de zero a dez. Nas instituições de EI, essa premiação se dá
pela distribuição de estrelinhas, que no caso, funciona com o mesmo propósito,
separar quem alcançou os objetivos esperados, de quem não conseguiu
alcançá-los.
4- Para
Luckesi, a avaliação deve ser acolhedora, integrativa e inclusiva, sendo por
ele denominada de “Ato amoroso”. Esse ponto é muito relevante, pois, sendo a
educação infantil considerada a primeira etapa da educação básica, as crianças
devem se sentir acolhidas desde cedo no ambiente escolar, para se desenvolver
com confiança no processo de aprendizagem, através de uma avaliação processual,
que leve em consideração o desenvolvimento de todas as suas potencialidades.
UNIVERSIDADE
FEDERAL DE ALAGOAS
CURSO DE PEDAGOGIA
CENTRO DE EDUCAÇÃO
PESQUISA
EDUCACIONAL
Profª Nanci Franco
Maria
das Graças dos Santos Barbosa
LUCKESI, Cipriano Carlos. Avaliação da Aprendizagem Escolar: estudos
e proposições. 7. ed. São Paulo: Cortez, 1998.
Cipriano
Carlos Luckesi é licenciado em Filosofia pela Universidade Católica de Salvador
(BA), em 1970; Mestre em Ciências Sociais pela Universidade Federal da Bahia,
em 1976; Doutor em Filosofia da Educação pela Pontifícia Universidade Católica
de São Paulo, em 1992. É professor do Departamento de Filosofia da Faculdade de
Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal da Bahia, assim como
pós-graduado em educação da mesma Universidade. Na obra intitulada Avaliação da
Aprendizagem Escolar, Luckesi reúne um conjunto de artigos publicados ao longo
de anos de trabalho sobre avaliação da aprendizagem. O livro está dividido em
nove capítulos onde cada um corresponde a um texto que o autor escreveu em sua
trajetória como pesquisador acerca do tema.
O
primeiro capítulo Avaliação da
Aprendizagem Escolar: apontamentos sobre a pedagogia do exame diz que, na
prática educativa de hoje, a avaliação passou a ser direcionada por uma
pedagogia do exame. Segundo o texto, pais, sistemas de ensino, profissionais da
educação, professores e alunos estão mais interessados na promoção do aluno de
uma série para outra. Quando o professor nota que seu trabalho não está
surtindo efeito, ele usa a prova como um fator negativo de motivação. Fazendo
que o estudante se dedique aos estudos não porque os conteúdos sejam
importantes, mais sim porque estão ameaçados por uma prova. Se a avaliação estiver
baseada numa pedagogia do exame, não cumprira sua função de subsidiar a
melhoria da aprendizagem.
No
segundo capítulo Avaliação Educacional Escolar:
para além do autoritarismo, Luckesi (1998) relata que a avaliação é dimensionada
por um modelo teórico de mundo e de educação, trazido em prática pedagógica e se
torna autoritária na medida em que é usada como um mecanismo de reprodução e
conservação da sociedade. A avaliação nas escolas brasileiras, está a serviço
de uma pedagogia dominante, identificada como modelo social liberal conservador, esse modelo de sociedade
produziu três pedagogias diferentes. A pedagogia tradicional; a pedagogia renovada
ou escolanovista; e a pedagogia tecnicista. Para romper com essas pedagogias, foi
nascendo uma nova prática educacional, denominada de pedagogia libertadora, inspirada nas atividades do
professor Paulo Freire. Depois surgiram dois grupos de pedagogias, a pedagogia libertaria, e a pedagogia dos conteúdos socioculturais representadas pelo grupo do professor Demerval
Saviani.
O
terceiro capítulo, Prática escolar: do erro como fonte de
castigo ao erro como fonte de virtude,
fala dos diferentes tipos de castigos usados para coagir os alunos, desde
os mais antigos como a palmatória, até os que ainda acontecem nos dias de hoje,
a ameaça de reprovação, de teste relâmpago, deixando os alunos bem assustados. Luckesi
fala que o erro na prática escolar, deveria ser usado como fonte de virtude, de
crescimento, e não como fonte de castigo. Para isso é necessário compreender a
sua constituição (como é esse erro?) e origem (como ocorreu esse erro?), a
partir daí é possível superá-lo.
No
quarto capítulo Avaliação do aluno: a
favor ou contra a democratização do ensino, o autor discute se a atual
prática da avaliação escolar está a favor ou contra a essa democratização,
levando em conta o acesso universal ao ensino; a permanência do educando na
escola e a consequente terminalidade escolar; e a questão da qualidade do
ensino. Para tanto ele leva em consideração a avaliação diagnóstica, para que
ela seja possível, é preciso compreendê-la e realizá-la comprometida com uma
concepção pedagógica. Luckesi enfatiza ainda a avaliação participativa, em que o objetivo da participação é
professor e alunos chegarem juntos a um entendimento da situação de
aprendizagem, dos resultados obtidos, etc.
O
quinto capítulo é intitulado, Verificação
ou avaliação: o que pratica a escola?
Mostra que na prática da compreensão do aproveitamento escolar, cada acerto
nas provas corresponderá a um numero de pontos, que já foi previamente
estabelecido. Depois o professor irá transformar essa medida em nota de 0 a 10
ou conceito de péssimo a excelente, onde ele vai obter o resultado. Ao final o
professor, tem diversas formas de utilizar esses resultados, pode registrá-lo
na caderneta de alunos, ou oferecer ao aluno, caso ele tenha obtido uma nota ou
conceito inferior, a oportunidade de melhorar, fazendo uma nova avaliação, ou
diagnosticar as dificuldades de aprendizagem de seus alunos e trabalhar para
que eles superem essas dificuldades.
No
capítulo seis sobre, Planejamento e
avaliação na escola: articulação e necessária determinação ideológica trata
da importância do ato de planejar. Para o autor, “Planejar é atividade
intencional pela qual se projetam fins e se estabelecem meios para atingi-los”.
Existem vários tipos de planejamento, no âmbito escolar, existe o planejamento
educacional; o planejamento curricular; e o planejamento de ensino. A atividade
de planejar deve se dar coletivamente. Em sua relação com a avaliação, o
planejamento é o ato pelo qual decidimos o que construir, e a avaliação é o ato
crítico que ajuda a verificar como estamos construindo um projeto.
Segundo
o capítulo sete, Por uma prática docente
crítica e construtiva, a prática educativa deve ser crítica no sentido de
se desenvolver práticas docentes que estejam relacionadas ao contexto social em
que se vive, e construtiva na medida em que sejam usados princípios científicos
e metodológicos que auxiliem na construção do ensino e da aprendizagem para o
desenvolvimento do educando. Os elementos do ensino-aprendizagem são quatro:
assimilação receptiva de conhecimentos e metodologias; exercitação de
conhecimentos, metodologias e visões de mundo; aplicações de conhecimentos e
metodologias; e inventividade.
No
capítulo oito sobre Planejamento,
Execução e avaliação no ensino: A busca de um desejo é tratado novamente a
questão do planejamento em geral e o planejamento do ensino, qualquer tipo de
planejamento é mediado por uma necessidade, serve para a produção de resultados
que sejam satisfatórios à vida pessoal e social. Para isso Luckesi enfatiza a
necessidade da atenção plena do planejamento, dos conhecimentos na atividade de
planejar, o planejamento da atividade pedagógica como atividade coletiva e a
execução do planejamento no ensino.
No
ultimo capítulo, Luckesi define a avaliação da aprendizagem como um ato
amoroso, por que ela é acolhedora, integrativa e inclusiva, ou pelo menos é
o que deveria ser. Para cumprir as funções da avaliação, é necessário estar
atento a alguns cuidados para colocá-la em prática. Primeiro respeitar as
respostas dos alunos e usá-los como diagnóstico, para uma possível reorientação
da aprendizagem; construir instrumentos avaliativos articulado com os conteúdos
ensinados durante o período da pesquisa; compatibilizar os níveis de
dificuldades do que está sendo avaliado com o que foi ensinado e aprendido;
usar uma linguagem clara e compreensível e construir instrumentos que auxiliem
a aprendizagem dos alunos.
Por
ultimo, Luckesi enfatiza a questão do processo de correção e devolução dos
instrumentos de avaliação. Segundo ele não é necessário riscar toda a prova de
vermelho, por ser uma cor carregada de expressões negativas no cotidiano,
principalmente a respeito da nota vermelha que persegue a vida de muitos
alunos. Quanto à devolução das avaliações, ele diz que o professor deve as
entregar pessoalmente aos educandos, para poder comentá-las e ajuda-los a
entender por que tiraram tais notas.
Portanto
vê-se nessa obra a importância de analisar qual o papel que a avaliação está ocupando
nas escolas brasileiras, e como trabalhar para melhorar a maneira de
professores avaliarem seus alunos. O autor dá ênfase também a avaliação diagnóstica
e participativa, para que haja sempre uma preocupação com o educando, de que a
avaliação contribua para a permanência deste no ambiente escolar, e que a sua
maneira o professor encontre o caminho certo para auxiliar no desenvolvimento
do educando fazendo do ato de avaliar , um ato amoroso.
Dessa
maneira, Luckesi conclui que, o ato de avaliar, por sua constituição mesma, não
se destina a um julgamento “definitivo” sobre alguma coisa, pessoa ou situação,
pois não é um ato seletivo. A avaliação se destina ao diagnóstico e, por isso
mesmo, à inclusão; destina-se à melhoria do ciclo de vida. Deste modo, por si,
é um ato amoroso. Infelizmente, por nossas experiências histórico-sociais e
pessoais, temos dificuldades em assim compreendê-la e praticá-la. Mas... fica o
convite a todos nós. Em uma meta a ser trabalhada, que com tempo, se
transformará em realidade, por meio de nossa ação. Somos responsáveis por esse
processo.
A
presente obra Avaliação da Aprendizagem Escolar é indicada a educadores e
alunos do curso de pedagogia, de licenciaturas e de formação do magistério pela
grande importância e contribuição que o
tema avaliação tem em todas essas áreas.
Autora: Maria das Graças dos
Santos Barbosa
Email:
gracabarbosa.06@hotmail.com
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