segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Um pouco de "Avaliação"


Não dá para falar em avaliação na educação infantil sem tratar da avaliação em seu termo geral, e um dos teóricos que tem contribuído bastante com suas produções nesta área, é Cipriano Carlos Luckesi. O foco em destaque aqui é a avaliação da aprendizagem escolar, que relaciona conceitos abrangentes tanto à Educação Infantil, quanto as demais modalidades: Ensino Fundamental, Médio e Superior.
            Para tanto, se fez necessário postar neste ambiente a resenha do livro de Luckesi intitulado “Avaliação da Aprendizagem Escolar: estudos e proposições”, que foi solicitada pela disciplina de pesquisa educacional, com o objetivo de dar inicio as nossas produções a respeito do nosso tema de monografia, mas é importante também enfatizar alguns pontos que considero importantes ao avaliar na educação infantil.
1-    A avaliação infantil não pode ser trabalhada como uma pedagogia do exame. Muitas instituições de educação infantil se dizem construtivistas em teoria, mas na prática, utilizam as chamadas “provinhas” para avaliar seus alunos.
2-    Os erros devem ser usados como fonte de virtude e não como fonte de castigo, cada vez que uma criança mostra dificuldade em resolver uma tarefa, o professor deve aproveitar essa oportunidade para diagnosticar onde ocorreu o erro e orientar o aluno a refazer a tarefa e ter a oportunidade de acertar.
3-    Na prática de obtenção dos resultados escolares, os alunos são premiados através de notas que vão de zero a dez. Nas instituições de EI, essa premiação se dá pela distribuição de estrelinhas, que no caso, funciona com o mesmo propósito, separar quem alcançou os objetivos esperados, de quem não conseguiu alcançá-los.
4-    Para Luckesi, a avaliação deve ser acolhedora, integrativa e inclusiva, sendo por ele denominada de “Ato amoroso”. Esse ponto é muito relevante, pois, sendo a educação infantil considerada a primeira etapa da educação básica, as crianças devem se sentir acolhidas desde cedo no ambiente escolar, para se desenvolver com confiança no processo de aprendizagem, através de uma avaliação processual, que leve em consideração o desenvolvimento de todas as suas potencialidades.
 
Avaliação da Aprendizagem Escolar
 
 
UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS
CURSO DE PEDAGOGIA
CENTRO DE EDUCAÇÃO
PESQUISA EDUCACIONAL
Profª Nanci Franco
Maria das Graças dos Santos Barbosa
 
LUCKESI, Cipriano Carlos. Avaliação da Aprendizagem Escolar: estudos e proposições. 7. ed. São Paulo: Cortez, 1998.
  Cipriano Carlos Luckesi é licenciado em Filosofia pela Universidade Católica de Salvador (BA), em 1970; Mestre em Ciências Sociais pela Universidade Federal da Bahia, em 1976; Doutor em Filosofia da Educação pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, em 1992. É professor do Departamento de Filosofia da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal da Bahia, assim como pós-graduado em educação da mesma Universidade. Na obra intitulada Avaliação da Aprendizagem Escolar, Luckesi reúne um conjunto de artigos publicados ao longo de anos de trabalho sobre avaliação da aprendizagem. O livro está dividido em nove capítulos onde cada um corresponde a um texto que o autor escreveu em sua trajetória como pesquisador acerca do tema.
 
            O primeiro capítulo Avaliação da Aprendizagem Escolar: apontamentos sobre a pedagogia do exame diz que, na prática educativa de hoje, a avaliação passou a ser direcionada por uma pedagogia do exame. Segundo o texto, pais, sistemas de ensino, profissionais da educação, professores e alunos estão mais interessados na promoção do aluno de uma série para outra. Quando o professor nota que seu trabalho não está surtindo efeito, ele usa a prova como um fator negativo de motivação. Fazendo que o estudante se dedique aos estudos não porque os conteúdos sejam importantes, mais sim porque estão ameaçados por uma prova. Se a avaliação estiver baseada numa pedagogia do exame, não cumprira sua função de subsidiar a melhoria da aprendizagem.
 
            No segundo capítulo Avaliação Educacional Escolar: para além do autoritarismo, Luckesi (1998) relata que a avaliação é dimensionada por um modelo teórico de mundo e de educação, trazido em prática pedagógica e se torna autoritária na medida em que é usada como um mecanismo de reprodução e conservação da sociedade. A avaliação nas escolas brasileiras, está a serviço de uma pedagogia dominante, identificada como modelo social liberal conservador, esse modelo de sociedade produziu três pedagogias diferentes. A pedagogia tradicional; a pedagogia renovada ou escolanovista; e a pedagogia tecnicista.  Para romper com essas pedagogias, foi nascendo uma nova prática educacional, denominada de pedagogia libertadora, inspirada nas atividades do professor Paulo Freire. Depois surgiram dois grupos de pedagogias, a pedagogia libertaria, e a pedagogia dos conteúdos socioculturais representadas pelo grupo do professor Demerval Saviani.
 
            O terceiro capítulo, Prática escolar: do erro como fonte de castigo ao erro como fonte de virtude, fala dos diferentes tipos de castigos usados para coagir os alunos, desde os mais antigos como a palmatória, até os que ainda acontecem nos dias de hoje, a ameaça de reprovação, de teste relâmpago, deixando os alunos bem assustados. Luckesi fala que o erro na prática escolar, deveria ser usado como fonte de virtude, de crescimento, e não como fonte de castigo. Para isso é necessário compreender a sua constituição (como é esse erro?) e origem (como ocorreu esse erro?), a partir daí é possível superá-lo.
 
            No quarto capítulo Avaliação do aluno: a favor ou contra a democratização do ensino, o autor discute se a atual prática da avaliação escolar está a favor ou contra a essa democratização, levando em conta o acesso universal ao ensino; a permanência do educando na escola e a consequente terminalidade escolar; e a questão da qualidade do ensino. Para tanto ele leva em consideração a avaliação diagnóstica, para que ela seja possível, é preciso compreendê-la e realizá-la comprometida com uma concepção pedagógica. Luckesi enfatiza ainda a avaliação participativa, em que o objetivo da participação é professor e alunos chegarem juntos a um entendimento da situação de aprendizagem, dos resultados obtidos, etc.
 
            O quinto capítulo é intitulado, Verificação ou avaliação: o que pratica a escola? Mostra que na prática da compreensão do aproveitamento escolar, cada acerto nas provas corresponderá a um numero de pontos, que já foi previamente estabelecido. Depois o professor irá transformar essa medida em nota de 0 a 10 ou conceito de péssimo a excelente, onde ele vai obter o resultado. Ao final o professor, tem diversas formas de utilizar esses resultados, pode registrá-lo na caderneta de alunos, ou oferecer ao aluno, caso ele tenha obtido uma nota ou conceito inferior, a oportunidade de melhorar, fazendo uma nova avaliação, ou diagnosticar as dificuldades de aprendizagem de seus alunos e trabalhar para que eles superem essas dificuldades.
 
            No capítulo seis sobre, Planejamento e avaliação na escola: articulação e necessária determinação ideológica trata da importância do ato de planejar. Para o autor, “Planejar é atividade intencional pela qual se projetam fins e se estabelecem meios para atingi-los”. Existem vários tipos de planejamento, no âmbito escolar, existe o planejamento educacional; o planejamento curricular; e o planejamento de ensino. A atividade de planejar deve se dar coletivamente. Em sua relação com a avaliação, o planejamento é o ato pelo qual decidimos o que construir, e a avaliação é o ato crítico que ajuda a verificar como estamos construindo um projeto.
 
            Segundo o capítulo sete, Por uma prática docente crítica e construtiva, a prática educativa deve ser crítica no sentido de se desenvolver práticas docentes que estejam relacionadas ao contexto social em que se vive, e construtiva na medida em que sejam usados princípios científicos e metodológicos que auxiliem na construção do ensino e da aprendizagem para o desenvolvimento do educando. Os elementos do ensino-aprendizagem são quatro: assimilação receptiva de conhecimentos e metodologias; exercitação de conhecimentos, metodologias e visões de mundo; aplicações de conhecimentos e metodologias; e inventividade.
           
            No capítulo oito sobre Planejamento, Execução e avaliação no ensino: A busca de um desejo é tratado novamente a questão do planejamento em geral e o planejamento do ensino, qualquer tipo de planejamento é mediado por uma necessidade, serve para a produção de resultados que sejam satisfatórios à vida pessoal e social. Para isso Luckesi enfatiza a necessidade da atenção plena do planejamento, dos conhecimentos na atividade de planejar, o planejamento da atividade pedagógica como atividade coletiva e a execução do planejamento no ensino.
            No ultimo capítulo, Luckesi define a avaliação da aprendizagem como um ato amoroso, por que ela é acolhedora, integrativa e inclusiva, ou pelo menos é o que deveria ser. Para cumprir as funções da avaliação, é necessário estar atento a alguns cuidados para colocá-la em prática. Primeiro respeitar as respostas dos alunos e usá-los como diagnóstico, para uma possível reorientação da aprendizagem; construir instrumentos avaliativos articulado com os conteúdos ensinados durante o período da pesquisa; compatibilizar os níveis de dificuldades do que está sendo avaliado com o que foi ensinado e aprendido; usar uma linguagem clara e compreensível e construir instrumentos que auxiliem a aprendizagem dos alunos.
            Por ultimo, Luckesi enfatiza a questão do processo de correção e devolução dos instrumentos de avaliação. Segundo ele não é necessário riscar toda a prova de vermelho, por ser uma cor carregada de expressões negativas no cotidiano, principalmente a respeito da nota vermelha que persegue a vida de muitos alunos. Quanto à devolução das avaliações, ele diz que o professor deve as entregar pessoalmente aos educandos, para poder comentá-las e ajuda-los a entender por que tiraram tais notas.
 
            Portanto vê-se nessa obra a importância de analisar qual o papel que a avaliação está ocupando nas escolas brasileiras, e como trabalhar para melhorar a maneira de professores avaliarem seus alunos. O autor dá ênfase também a avaliação diagnóstica e participativa, para que haja sempre uma preocupação com o educando, de que a avaliação contribua para a permanência deste no ambiente escolar, e que a sua maneira o professor encontre o caminho certo para auxiliar no desenvolvimento do educando fazendo do ato de avaliar , um ato amoroso.
 
            Dessa maneira, Luckesi conclui que, o ato de avaliar, por sua constituição mesma, não se destina a um julgamento “definitivo” sobre alguma coisa, pessoa ou situação, pois não é um ato seletivo. A avaliação se destina ao diagnóstico e, por isso mesmo, à inclusão; destina-se à melhoria do ciclo de vida. Deste modo, por si, é um ato amoroso. Infelizmente, por nossas experiências histórico-sociais e pessoais, temos dificuldades em assim compreendê-la e praticá-la. Mas... fica o convite a todos nós. Em uma meta a ser trabalhada, que com tempo, se transformará em realidade, por meio de nossa ação. Somos responsáveis por esse processo.
            A presente obra Avaliação da Aprendizagem Escolar é indicada a educadores e alunos do curso de pedagogia, de licenciaturas e de formação do magistério pela grande importância  e contribuição que o tema avaliação tem em todas essas áreas.
 
Autora: Maria das Graças dos Santos Barbosa
Email: gracabarbosa.06@hotmail.com

 
 

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